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A Europa ‘come’ o mundo

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A organização ambientalista ‘World Wide Fund for Nature’ alerta para o consumo inconsciente e para o desperdício alimentar na Europa.

O desenvolvimento do mercado internacional e de suas rotas comerciais tornou possível para as populações, usufruir de alimentos tidos como sazonais, durante todo o ano, permitindo o acesso a um leque de alimentos mais diversificado e a outras opções nutricionais. Para além disso, os países com produção insuficiente para se autossustentarem podem colmatar as suas necessidades importando de países de maior produção.

Mas os efeitos das trocas internacionais nem sempre são positivos.

Em termos económicos, a Europa é o maior exportador de produtos agroalimentares, no entanto, a produção europeia está dependente de produtos, como rações para animais ou fertilizantes, importados de outros continentes.

Em 2020, a União Europeia importou 122 mil milhões de euros em produtos agroalimentares e exportou 184 milhões. A Europa consegue exportar produtos de alto valor, criados através dos produtos que importa, mas isso tem repercussões a nível mundial.

“Em vez de ser o celeiro do mundo, a UE é a mercearia, vendendo produtos destinados principalmente a consumidores mais ricos” resume a WWF (World Widre Fund for Nature).

Para a organização, a principal mudança passa por consciencializar os consumidores e os produtores para esta realidade, devendo optar-se por animais criados em regime extensivo em detrimento daqueles criados em regime intensivo, contribuindo assim, para uma diminuição dos produtos agrícolas importados, uma das maiores causas da destruição dos ecossistemas.

A soja é um dos produtos mais importados pela Europa e serve de ração para os animais. O problema com a soja reside no seu cultivo, que resulta na destruição das florestas nos trópicos. “Entre 2005 e 2017, cerca de 3,5 milhões de hectares de floresta foram destruídos para produzir produtos agrícolas”.

Na Europa, os métodos agrícolas mais comuns assentam numa agricultura industrial, o que leva à perda da biodiversidade, a solos menos saudáveis e a poluição, que por sua vez, contaminam os ecossistemas aquáticos.

A WWF afirma que o planeta já produz o suficiente para alimentar a população mundial, mas que cada europeu desperdiça 173 quilos de alimentos anualmente. Para que os alimentos sejam suficientes para todos, são necessárias mudanças na comercialização e na produção.

“Apenas um sistema alimentar mais sustentável será capaz de proporcionar segurança alimentar. A UE não deve concentrar-se em produzir mais, mas sim em produzir e consumir melhor, de forma diferente”, afirma Ângela Morgado, diretora da WWF Portugal.

Apesar de ser esta a realidade que atualmente se vive, tem-se verificado uma vontade de mudar para hábitos de consumo mais sustentáveis e para produtos que não contribuam para a destruição da biodiversidade.

O setor agroalimentar tem seguido a mesma tendência, de valorização do ambiente e de produção orgânica.

Fonte: Agência Lusa