Esta semana trazemos mais uma receita que utiliza um legume que tem estado bastante presente nos nossos cabazes de frescos, a cenoura.
A grande tradição medicinal e o alto valor nutricional aliados ao sabor e versatilidade culinária, justificam o porquê de a cenoura ser um dos produtos hortícolas mais importantes no mundo.
De nome científico Dacus Carota, pertence a família botânica das Apiaceae, assim como o aipo e a erva-doce, e é uma espécie que tem origem na Ásia Central.
Mas antes de passarmos à saborosa receita, conheça este alimento um pouco melhor.
Benefícios da Cenoura
É uma importante fonte de vitamina A, potássio e fibra. A sua cor, é resultado do betacaroteno na sua composição, que para além de ser responsável pela pigmentação, também apresenta vários benefícios para a saúde.
Diz-se que a ‘cenoura faz bem aos olhos’, e o seu conteúdo de vitamina A, importante na manutenção da saúde ocular, justifica o uso desta expressão. Para além disso, é uma vitamina relevante para o metabolismo do ferro, para a saúde da pele e para um adequado funcionamento do sistema imunitário.
O potássio, essencial para uma pressão arterial adequada, também está presente na sua constituição. Assim como a fibra que para além do papel que desempenha na saúde intestinal, contribui para a saciedade.
História
Um dos problemas associados à história da cenoura, está relacionado com a ‘confusão’ que existia entre cenoura e pastinaca, que só se viu resolvido em 1753 quando foi criada nomenclatura científica para ambas.
A cenoura selvagem era tida como planta medicinal na sociedade greco-romana, onde seria utilizada como afrodisíaco, diurético, e como parte de misturas para prevenir envenenamentos.
As primeiras formas de cultivo de cenoura, foram mencionadas pela primeira vez no III séc. A.C
A cenoura selvagem era descrita como mais eficiente em termos medicinais, enquanto que a cenoura cultivada seria mais fácil de ser consumida.
Na Era Medieval, a cenoura e a pastinaca eram dos legumes mais comuns para o povo europeu, por serem de fácil cultivo e conservação.
O melhoramento do seu cultivo na Europa, é influenciado pelos árabes, que importavam cenoura, roxa e amarela, para os países que ocupavam. A variedade amarela acaba por se difundir pelos países europeus com mais facilidade.
Em 1700, a Holanda era o país que liderava o desenvolvimento deste cultivo, e foram os responsáveis pela criação da cenoura de cor laranja que conhecemos hoje.
Acredita-se que a cenoura desta coloração, tenha sido criada em homenagem à Casa Real Holandesa de Orange, depois da luta holandesa pela independência de Espanha sob a dinastia Orange-Nassau.
Época
Encontra-se em qualquer época do ano, no entanto, é em entre agosto e dezembro que se encontra na sua melhor qualidade.
Deve possuir uma casca suave, pequeno a médio tamanho, sendo que quanto mais pequena, por norma, mais tenra, cor viva, e se comprada com folhas, estas deverão ser frescas e de cor verde brilhante.
Conservar
A cenoura deve ser conservada em temperatura de refrigeração, podendo durar até dois meses se acondicionada em recipiente de plástico perfurado. As folhas deverão ser cortadas para que a raiz não perca as suas qualidades nutricionais.
A Cenoura na cozinha
É muito versátil, e, por isso, pode ser consumida de diferentes formas. É utlizada crua, em saladas, cozida, em sopas, assada, em purés, bolos, doces, sumos e entre outras utilizações.
Receita de Salada de Cenoura (da Fernanda) à Algarvia
Ingredientes:
300 gr de cenoura; 3 dentes de alho; 1 ramo de salsa; 100 ml de vinagre; sal q.b; pimentão-doce q.b; pimenta q.b; erva-doce q.b;
Preparação:
Lavam-se as cenouras e depois de descascadas, cozem-se inteiras em água temperada com sal, depois de cozidas, retiram-se da água e deixam-se arrefecer. Cortam-se às rodelas finas e colocam-se num recipiente, ao qual se junta os dentes de alho e a salsa picados, o pimentão-doce, a pimenta, o sal e o vinagre. Deixa-se esta misturar marinar durante alguns dias no frigorífico.
Esta conserva pode ser utilizada como entrada, ou como acompanhamento de outros pratos.
Conheça quem faz – Fernanda
Para entender a importância da cenoura a nível nacional, é necessário perceber o papel que desempenha a nível socioeconómico no país, e para isso, é preciso conhecer quem faz.
A Fernanda é produtora de legumes, entre os quais, a cenoura. Comercializa os seus produtos no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa e prima pela qualidade dos seus cultivos.
Como é que começou a comercialização dos seus produtos agrícolas?
“Em Valado, junto à minha terra, há muitos anos que ‘amanhamos’ as cenouras. Certo dia, o meu marido trazia algumas cenouras a mais numa caixa, e eu pensei, não as vou estragar, lavei-as, atei-as em dois ou três molhos e levei-as para vender. Comecei a ser abordada por vários clientes e passei a vender as cenouras em caixas.”
Quantas pessoas trabalham consigo?
“Atualmente somos quatro, mas já fomos mais de 10.”
Mantém a rama na cenoura, para além dessa particularidade, de que forma garante a qualidade?
“Como é para ser apanhada com a rama, só se coloca adubo quando esta é pequena, poderá eventualmente, colocar-se umas ‘bagas’ para que os caracóis não as comam e mais nada.”
Existe preocupação com a saúde dos consumidores e do meio-ambiente?
“Na nossa produção não temos certificação biológica, mas praticamos uma agricultura sustentável porque temos consciência que, muitas vezes, a rama das nossas cenouras será consumida por crianças ou pessoas doentes.”
Consulte AQUI a composição do Cabaz ‘Frescos da Semana’.