O aumento dos preços dos alimentos levou a um aumento da consciência sobre o desperdício alimentar em Portugal.
Nos últimos anos em Portugal, movimentos da opinião pública e múltiplas iniciativas privadas, como aquelas por parte dos Bancos Alimentares Contra a Fome, têm vindo a desencadear ações com vista à redução do desperdício alimentar.
Neste âmbito também desempenhou um papel muito importante a Diretiva Europeia sobre Resíduos, (UE 2018/851), destacando-se neste quadro a criação e ação da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar que tem como missão promover a redução do desperdício alimentar através de uma abordagem integrada e multidisciplinar.
No plano privado, destacam-se instituições como a ‘Reefood’ e a ‘Dariacordar’/’ZeroDesperdício’, que com base no voluntariado, recolhem a partir de uma vasta rede de doadores, supermercados, restaurantes, cafés, hospitais, hotéis e entidades públicas, alimentos perecíveis de consumo quase imediato, tais como as sobras de refeições intactas, como é o caso da ‘Reefood’, ou os excedentes alimentares e alimentos que se aproximam do fim das datas de validade, como faz o movimento ‘ZeroDesperdício’, e promovem a sua distribuição por famílias carenciadas, devidamente sinalizadas.
A estas acrescentem-se outras iniciativas com diferentes abordagens, mas que partilham os mesmos objetivos, como a ‘Fruta Feia’, ou a ‘Goodafter.com’.
Segundo um estudo da DECO Proteste, a inflação deixou o cabaz de 63 produtos em média 10% mais caro. A consciência sobre o desperdício de alimentos aumentou nos últimos dois anos, passando de 33% para 72% dos consumidores.
A Inflação impulsiona o combate ao desperdício alimentar? A resposta é sim.
A taxa de inflação em Portugal aumentou para 8,7% em junho e a alimentação é o setor em que as famílias portuguesas têm sentido mais o aumento de preços. De acordo com a DECO Proteste, um cabaz de 63 produtos ficou, em média, 10% mais caro.
Segundo um estudo realizado pelo ‘Capgemini Research Institute’ em junho de 2022, este aumento de preços levou também a um aumento da consciência sobre o desperdício de alimentos.
Comparando dados dos últimos dois anos, esta preocupação passou de 33% para 72%, segundo as respostas obtidas, com 56% dos consumidores a assumir o combate do desperdício de alimentos para economizar custos, além das questões de sustentabilidade. O aumento dos preços dos alimentos é assim apontado como um dos principais motivos deste crescente interesse em reduzir o desperdício.
Este estudo sugere também que 91% dos consumidores prefere comprar alimentos de marcas e empresas que estão a tomar medidas e têm políticas e soluções para reduzir o desperdício.
Através dos dados da empresa ‘Too Good To Go’, que permite aos utilizadores adquirir a preços reduzidos comida que de outra forma não seria vendida, por não estar dentro de parâmetros standard, 1/3 das encomendas adquiridas na aplicação, ao longo dos últimos meses, foram provenientes de supermercados. “Muito devido à diversidade de produtos alimentares que as mesmas contêm, estas tornam-se uma alternativa de compra que possibilita o acesso a uma grande variedade de produtos básicos e alimentos essenciais” lê-se em comunicado.
“Este é, sem dúvida, um período complexo, e quando os preços sobem e impactam algo tão básico e fundamental como a alimentação, é natural que enquanto consumidores procuremos formas de otimizar o nosso orçamento familiar. O nosso utilizador sempre esteve ciente da importância de um consumo mais consciente e sustentável, mas este aumento de procura leva-nos a crer que somos cada vez, também, uma oferta com benefício de custo, também ele muito relevante”, afirmou Nuno Plácido, Country Manager da Too Good To Go em Portugal.