Nos dias 25 e 26 de março, o primeiro piso do mercado de Oeiras vai encher-se de bons vinhos, queijos, enchidos, doçaria regional e, claro está, um “Arroz Colaborativo”! Além da gastronomia regional, haverá excelentes opções vegetarianas e petiscos criados a pensar na saúde e sustentabilidade.
Ideal para petiscar em família ou com amigos, o evento realiza-se das 11h às 21h com degustação de produtos ao longo do dia.
Neste evento gastronómico poderá explorar as vantagens da alimentação biológica e descobrir novos sabores que o/a vão surpreender. Mas mais importante ainda, poderá ‘conhecer quem faz’, ficar a saber a história e origem dos alimentos e curiosidades sobre os produtos apresentados.
O que é o arroz colaborativo?
Sendo a iniciativa promovida pelo Smartfarmer, um negócio social da Oikos, não podíamos esquecer os valores da participação e parcerias como motor da inovação no agroalimentar. Assim, convidámos o José João Rodrigues a confecionar um “Arroz Colaborativo”, uma versão gastronómica mais participada e contemporânea da famosa “sopa da pedra”.
De acordo com José João Rodrigues, o “Arroz Colaborativo” é uma festa gastronómica; um evento em que cada pessoa contribui com um ingrediente à sua escolha, servindo como uma metáfora para as comunidades em que vivemos. No caso específico do arroz colaborativo, todos os participantes contribuem em todos os momentos do processo, desde compartilhar o motivo pelo qual escolheram aquele ingrediente, até experimentar o produto final, passando pela mistura do arroz com os alimentos trazidos por cada um. Nenhum ingrediente é deixado de fora e nenhuma pessoa é excluída, sendo essa a principal lição aprendida com esta experiência.
O Animador do Arroz Colaborativo
José João Rodrigues podia ser, mas não é um “chefe de cozinha”; é um animador, uma espécie de “maestro culinário”, que faz magia com a diversidade de ingredientes escolhidos por pessoas de diversas origens, idades, e estratos socioeconómicos. É animador sociocultural, ativista e dinamizador do Projeto Casa do Sal da Figueira da Foz, que cria produtos e serviços ligados à salicultura. Organizou e hoje anima as Redes Colaborativas de Produção Local do Baixo Mondego.
O projeto da Casa do Sal da Figueira da Foz tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento da Salicultura da Figueira da Foz, criando e implementando práticas inovadoras como as Redes Colaborativas de Produção e Comercialização. A iniciativa envolve diretamente homens e mulheres produtores/as de sal e salicórnia da Figueira da Foz, outros produtores e produtoras da região, incluindo nanoprodutores, desempregados e cidadãos comprometidos com o desenvolvimento da sua região.
Além dos Figueirenses diretamente envolvidos no projeto da Casa do Sal, há outros atores comprometidos com a iniciativa e que com ela colaboram, tais como: produtores da Bacia Hidrográfica do Mondego, a Cooperativa de produtos a Nossa Aldeia em Penacova, a Dona Rosa (Rosa Rodrigues), agricultora em regime de produção biológica em Rios Frios, a Casa da Esquina (Coimbra) ou a Cooperativa Terra Chã.
As Redes Colaborativas de Produção Local do Baixo Mondego
O arroz colaborativo é mais do que um momento festivo. É um instrumento de demonstração e promoção das “Redes Colaborativas de Produção Local do Baixo Mondego”, em que o arroz constitui um dos produtos alimentares essenciais.
Segundo a ANIMAR, uma rede de sinergias para o desenvolvimento local, de que a Oikos é membro associada, as Redes Colaborativas de Produção Local são um conjunto de pessoas que produzem localmente bens e serviços, colaborando entre si na inovação, produção, vendas, marketing e comunicação. Servem para viabilizar, melhorar os micro e pequenos negócios locais, gerar rendimento e criar emprego. Podem integrar estas redes, produtoras e produtores que queiram expandir os seus negócios, associações, cooperativas e autarquias que desejem apoiar e contribuir para o desenvolvimento das economias locais. Estas redes têm um princípio de participação e crescimento através da colaboração entre atores económicos. Os/as Produtores/as de bens e serviços incorporam no seu negócio elementos de outros/as produtores/as, tanto na fase da criação, produção, vendas e promoção comercial.
Exemplos de Valorização Colaborativa da Produção
De acordo com a Agência Animar, a valorização colaborativa da produção é uma forma de agregação de valor à economia local, em especial a protagonizada pelos chamados nano e micro produtores/as. Alguns exemplos concretos:
Um/a apicultor/a pode colaborar com um/a produtor/a de aguardente e criarem um licor ou aguardente de mel.
Um/a produtor/a de fruta pode colaborar com um/a produtor/a de compotas ou licores.
Um/a produtor/a de compotas, aguardentes, mel, pode colaborar com um/a artesão/ã de cestaria, olaria, madeira, tecidos, e criarem embalagens e recordações da sua região, para casas e postos de turismo, quintas, lojas.
Os/as produtores/as podem criar cabazes da sua região com o contributo de todos/as
Um/a produtor/a de serviços, como por exemplo, técnicos/as informática, marketing, vendas, contabilidade, design, podem colaborar com estas Redes prestando serviços.
Para além da cooperação no momento da produção de bens ou disponibilização de serviços, as redes colaborativas permitem sinergias ao nível do marketing territorial e da comercialização, por exemplo:
Os artesãos e as artesãs podem divulgar e vender, nos seus locais de produção ou venda, os bens de outros/as produtores/as locais
Os hotéis, casas de turismo, restaurantes e comércio local podem divulgar e vender os produtos dos artesãos e artesãs da região
Os artesãos e artesãs locais podem colaborar entre si na distribuição dos seus artigos pelas lojas de outras regiões
Os/as produtores/as e artesãos/artesãs locais podem colaborar entre si na divulgação dos seus produtos e serviços em feiras ou em Marketplace como o Smartfarmer.pt.
Com estas estratégias colaborativas ganham os consumidores, com acesso a maior diversidade e qualidade acrescida de bens e serviços, aumentam as vendas dos agentes económicos locais, dinamiza-se a economia local, projeta-se a identidade cultural, gastronómica e artística dos territórios, aumenta a coesão social, há ganhos de eficiência e produtividade nas economias locais.
Programa da 2ª Edição do “Vinhos & Petiscos by Smartfarmer
O Vinhos & Petiscos realiza-se nos dias 25 e 26 de março, no 1º piso do mercado municipal de Oeiras. O programa e menu são extensos, e podem ser consultados aqui.
Resumidamente, o evento abre as portas entre as 11h00 e as 21h00 de sábado 25 de março e domingo dia 26, obedecendo a uma estrutura tripartida:
‘Área de Mercado’, com exposição, prova e venda de vinhos e de produtos gastronómicos de várias regiões do país;
‘Área de Petiscos’, dedicada a projetos gastronómicos do concelho (startups, mercearias gourmet, restaurantes entre outros) com petiscos para consumo no local com preços a partir dos três euros;
‘Atividades Paralelas’, que incluem provas comentadas, tertúlias, workshops entre outras iniciativas.
O evento enquadra-se no âmbito do seu negócio social SmartFarmer que apoia a comercialização de produtos de pequenos/as e médios/as produtores/as nacionais. O evento é de entrada gratuita e cinco porcento das receitas vão reverter a favor do “Programa de Apoio Alimentar”, que consiste na aquisição e distribuição solidária de cabazes de frescos a famílias carenciadas.
João José Fernandes